Modelos – Gurgel Xavante XT e XTR (1971-1974)

Nitidamente derivado do Gurgel QT, sucessor do Macan Gurgel 1200 (Ipanema, Augusta, Enseada e Xavante). Seu nome XT, significaria “Xavante” “Todo-o-terreno”. O XTR seria o mesmo, só que “Rebaixada”, numa referência à porta maior e rebaixada, que facilitava a entrada dos ocupantes no carro, algo bastante trabalhoso no XT. É a primeira versão realmente voltada para o uso em fora-de-estrada, tendo ajudado a Gurgel a desbancar o Jeep Ford em 1975.

Gurgel-XavanteXT
Foto: Xavante XT 1972 / Fonte: Revista 4 Rodas de Janeiro de 1972.

Segundo o amigo Reinaldo Gomide Filho, sobrinho de Gurgel, o modelo surgiu como uma variante do “Ipanema/QT” para o desfile militar de 7 de setembro (de 1971 talvez). A Gurgel teria sido convidada pelo proprietário da Engesa (Witaker), após resolução dada pela Gurgel para um problema de um projeto da Engesa. Assim o Exército pode conhecer os Gurgel, que acabaram sendo submetidos a testes posteriores.

O filho de João Gurgel, Fernando, nos mandou uma mensagem esclarecendo ainda mais:
“O Xavante foi feito às pressas para ser apresentado no desfile de sete de setembro, acho que no ano de 1971. A frente e a traseira do Ipanema/QT foi re-desenhada/cortada para criar estilo militar e aumentar o ângulo de entrada e saída do veiculo. Os párachoques dianteiro com guincho e o traseiro,  foram também incluídos. Nas laterais do protótipo também foram criadas as cavidades para a pá e o “instrumento de sapa” (uma pá de uso militar cujo nome vem de spata). Por último o pneu de estepe foi colocado sobre a tampa do capô, por causa da redução do volume do compartimento de carga.”

xavantextImagem: Gurgel Xavante XT / Fonte: Revista 4 Rodas (mês/ano desconhecido).

A partir deste modelo, a Gurgel passou a fabricar seus próprios chassis, em tubos de ferro quadrado (conhecido também como Metalon), colados às carrocerias de fibra de vidro com o mesmo material, técnica denominada de “Plasteel”, já que o modelo QT (Ipanema) com chassis Volkswagen (encurtado em 36 cm), não suportava o uso fora-de-estrada.

XavanteXT72 Foto: Folheto de fábrica do Xavante XT 1972 / Fonte: Flickr de Felipe Olivani.

A versão XT, foi testada em Janeiro de 1972 pela revista 4 Rodas (págs. 33 a 38). O modelo seria em breve oferecido com tração nas 4 rodas, e o espaço realmente existe para tal. Seria mera especulação? Ou a Gurgel abandonou o projeto por inviabilidade técnico/financeira? Segundo a mesma revista, o mesmo carro testado havia passado por testes em bases do Exército. Não se sabe ao certo se a Gurgel chegou a fornecer o Xavante XT para o Exército Brasileiro.

xavantextr Imagem: Gurgel Xavante XTR / Fonte: Revista 4 Rodas (mês/ano desconhecido).

O Xavante XTR (rebaixado) foi produzido apenas no ano de 1973 e tinha como único diferencial o rebaixamento da soleira, algo que tornava mais confortável o acesso à cabine. Certamente sua produção não foi adiante devido ao lançamento do XTC no ano seguinte. Começaram a figurar na seção “Mercado de Automóveis” da já então importante Revista Quatro Rodas em Maio de 1973, com versões 1500cc e 1300cc, sendo esta a primeira aparição de veículos da Gurgel nesta seção. O Xavante XT teria sido produzido conjuntamente com o Xavante XTC (Revista Quatro Rodas, março de 1974. Pág. 92) até o ano de 1975, quando ambos foram substiruídos pelo Xavante X-10.

Originalidade

 Retrovisor: Tipo “raquete”, similar às dos modelos VW à ar.

Setas dianteiras: Similares às usadas no Jipe Willys/Ford.

Lanternas traseiras: Similares às dos caminhões Mercedes Benz.

Cores: As mesmas do catálogo VW da época.

Rodas: Similares às do VW 1300, com tala 5,5″ aro 15″.

Pneus: Tipo cidade-campo, hoje não mais fabricados para o aro 15″.

 Numeração de Chassis:

Segundo email enviado pelo amigo Celso Flores Fernandes, a numeração de chassis é formada pelos seguintes dígitos:

XT1372XXX

XT        modelo

13        motor 1300 cc

72        ano ou modelo

xxx        unidade de fabricação

Fontes: Acervo Digital Revista 4 Rodas, Internet.
Texto e dados levantados com a colaboração de: Francisco Branco, Rodolfo Faria.

Colaboração: Celso Fernandes, Reinaldo Gomide Filho e Fernando Gurgel.